sábado, 18 de agosto de 2012

Manipular as Ações Alheias Sugerindo Ideias Indiretas – A Impulsão Ideomotora


E se conseguissem influenciar os nossos comportamentos e ações físicas através de ideias indiretas? Bem, parece que podem de facto, que de um modo inconsciente somos altamente influenciáveis, sem disso termos a mínima perceção, pelas mais ínfimas sugestões. 
Os papagaios  (os acrobatas)- Fernad Léger
Uma das experiências clássicas da psicologia social, uma entre muitas referidas no livro “Pensar, Depressa e Devagar”, realizada pelo John Bargh revela o modo como, indiretamente, qualquer pessoa é altamente influenciada apenas por ideias. Nessa experiência foi pedido a um grupo de jovens que ordenassem um conjunto limitado de palavras numa frase coerente. A metade dos indivíduos disponibilizou-se um rol de palavras relacionadas indiretamente com o tema da velhice. Aos restantes não havia qualquer relação de conjunto das palavras a qualquer tema evidente. Depois de todos participantes na experiência concluírem a tarefa proposta, atravessaram um corredor para continuarem com mais testes, mas era no percurso entre salas que residia verdadeiramente a experiência. Por mais surpreendente que possa parecer, os jovens que tinham formulado frases com alusões à velhice deslocaram-me mais lentamente que os outros. Num questionário posterior a maioria dos jovens a quem tinham sido fornecidas palavras relacionadas com velhice consideraram não ter notado qualquer tema em comum nas palavras.
Este exemplo experimental, relatado por Daniel Kahneman na obra já citada, revela como podemos ser facilmente influenciados por impulsões. Neste caso concreto foi uma ideia subliminar que gerou uma ação inconsciente e não premeditada: deu-se o efeito ideomotor (*). Então, tendo em conta o exemplo e aplicando o pensamento indutivo, muitos poderão ser os casos em que os nossos comportamentos e ações são, propositadamente ou não, influenciados pelas ideias que existem e são disseminadas à nossa volta. É quase preocupante concluir quão facilmente podemos ser influenciados, quão ténues e simples podem também ser os meios e os modos de o fazer, e quão evidentes podem ser os resultados. Se, muitas vezes, sem intenção podemos ser levados a ter certos comportamentos, imagina-se então quando essa influência é propositada. O primeiro passo para tentar minimizar essa disposição natural, caso se pretenda enveredar por esse caminho, é começar por admitir e assumir a facilidade como qualquer um de nós é influenciado pelo meio e pelas ideias.

Nota: O Livro no qual se fundamentou o presente texto é incrivelmente útil e interessante para quem se quer iniciar na psicologia social. Daniel Kahneman escreve de um modo simples, por vezes até sarcasticamente divertido, recorrendo e referindo muitos exemplos de experiências que ajudam à compreensão de conceitos e saberes complexos e de especialidade. Seguramente que esta mesma obra será utilizada posteriormente como base a mais textos. Sem dúvida que a recomendo. Não foi por acaso que o autor, que é psicólogo, ganhou o prémio Nobel da Economia, por mais estranho que possa parecer à primeira vista.

Referências Bibliográficas
(*) Kahneman, Daniel. “Pensar, Depressa e Devagar”. Temas e Debates, 2012

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