domingo, 25 de setembro de 2011

Quando o Rococó era pejorativo

Rococó foi o estilo artístico dominante na maior parte da Europa do século XVIII, tendo sucedido ao estilo Barroco, ainda que se possa dizer que foi integrante do seu precursor. Até aqui nada de novo e de especial a salientar - no fundo é cultura geral. Mas interessa aprofundar um pouco mais o tema para outras reflexões. O Rococó caracterizava-se pela frivolidade, leveza de ser dos temas e dos ambientes. A pintura que se insere nesse estilo tratava temas relacionados com o amor, a "boa vida", ou certas vezes apenas a nudez embelecida. Diz-se que era um tipo de arte meramente decorativa, especialmente criada para a aristocracia e seus mundos cor-de-rosa, ainda que executada com grande talento e técnica.
O baloiço - Jean-Honoré Fragonard
O termo Rococó terá sido inventando, pouco depois da Revolução francesa, por um discípulo de Jacque-Louis David; tratava-se de uma alusão à palavra rocaile, que significava um tipo de ornamentação à base de conchas e pedras usadas habitualmente em fontes e grutas. A palavra estava carregada de ironia e desdém, tendo sido considerada um pejorativo pelos artistas do Neoclassicismo, o estilo dominante a partir dos finais do século XVIII e inícios do século XIX.
Este exemplo da história da arte permite algumas reflexões sobre a cultura e a nosso modo de organização social. Hoje a palavra Rococó pode até nem ser lá grande insulto, mesmo havendo quem a utilize como adjectivo de frivolidade. Tal como a arte, muitas das concretizações humanas passam pelo processo de novidade, aceitação e refutação; são construídas coisas novas que dão lugar a outras novas depois de um processo de desconstrução. Quantas não são as vezes em que algo tem de ser denegrido para que outra coisa nova se possa impor no antigo espaço ocupado pela sua precursora?
Dirão os moralistas que isso é negativo, pois os valores perdem-se. Mas, provavelmente, os mais progressistas dirão em sentido contrário que esse é um aspecto positivo da condição humana: a incessante procura de algo novo, de modo a que a vida possa ser melhor, isto num mundo de constantes mudanças e adversidades para o qual é preciso encontram novas respostas.
Este exemplo faz-nos pensar, entre muitas outras coisas, sobre o valor das coisas, os próprios valores e o quanto o período histórico condiciona tudo isso.

Fonte: Arte - Grande Enciclopédia, civilização editora.

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