domingo, 16 de janeiro de 2011

Van Gogh, o filme - um retrato de um ambiente de época

Esperava que o filme "Van Gogh", de Maurice Pialat, fosse mais uma obra biográfica completa, contendo todo o percurso de vida, de mais uma célebre personagem.da história - neste caso história da arte. No entanto o filme foge a esse estereotipo cinematográfico. A obra trata apenas os últimos 3 meses da vida do pintor, a sua fase final de vida, já depois do célebre episódio do auto-infligido corte na orelha. Van Gogh aqui é apresentado de uma forma desconcertante e repleta de comportamentos antagónicos. Ora simpático e sociável, auto-confiante e capaz de um sentido de humor inteligente, ora melancólico, antipático, anti-social e completamente descrente do seu talento. Mas o que me fez escrever sobre este filme não foi o modo como Pialat apresenta Van Gogh. O que verdadeiramente penso tornar este filme imperdível é o modo como é caracterizado o ambiente da época em que viveu Van Gogh. Como são mostrados os vários ambientes sociais e físicos, os hábitos e dia-a-dia das várias classes sociais do final de século XIX em França. Na obra vemos como as pessoas se alimentavam, onde viviam, como conviviam - as relações sociais e pessoais que tinham -, o modo como se transportavam, o que vestiam - e até como tomavam banho, não havendo aqui qualquer problema em mostrar o nu -, a música que ouviam e como dançavam. Não sei se viver no final do século XIX seria mesmo assim, no entanto tudo parece muito fidedigno e natural.
Mas de todos os ambientes expostos o que me pareceu mais cativante foi o do bordel. Lá vemos um Toulouse Lautrec adormecido, e provavelmente embriagado, numa cama partilhada por outros boémios e prostitutas. Até o bem conhecido o "cancan" aqui aparece retratado como uma dança popular, que quer homens quer mulheres, praticavam como expressão máximo do divertimento livre e sem preconceitos - pois todos a dançavam, individualmente ou em conjunto, independentemente do género.

Van Gogh pintou, sem dúvida,  belos quadros, mas Maurice Pialat gravou, usando como mote o nome do conhecido pintor, com cores e sons, um singular quadro cinematográfico de um ambiente de época muito característico.

3 comentários:

  1. Bastante interessante Micael. Um filme que gostaria de ver se tiver oportunidade. "Van Gogh aqui é apresentado de uma forma desconcertante e repleta de comportamentos antagónicos. Ora simpático e sociável, auto-confiante e capaz de um sentido de humor inteligente, ora melancólico, antipático, anti-social e completamente descrente do seu talento." Quem não se sente assim? Estou curioso, de facto.
    Grande abraço.

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  2. Então ainda há tempo, este é o filme da campanha actual do Público. Este filme é o penúltimo da colecção, por isso ainda se deve arranjar, e até só custa 1,95 - uma verdadeira pechincha pela experiência cinematográfica que proporciona. Aliás, toda a colecção vale a pena. Não quero estar a fazer aqui publicidade ao jornal, mas o Público sempre lançou campanhas onde, com preços acessíveis, disponibiliza grandes obras de cinema aos seus leitores, filme que dificilmente poderíamos aceder de outro modo. Eu diria que é quase serviço público, ainda que pago...

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  3. Concordo plenamente! A ver se aqui no quiosque da zona ainda existe o filme...Obrigado Micael.

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