quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Três monoteísmos: três ou mais movimentos dissidentes

Por mais estranho que possa parecer, ou até bem evidente mas pouco abordado, os três principais monoteísmos – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo – surgiram de movimentos dissidentes religiosos que, a uma determinada altura história, romperam com as tradições do passado: criando as suas próprias práticas, organização,cultos, dogmas, e etc Nem sempre estes movimentos, liderados usualmente por visionários postumamente apelidados de profetas, surgiram de planos para a cisão, muitos queriam penas reformular as religiões existentes mas que acabaram pro criar novas formas de culto. Então vejamos aqui alguns  exemplos para cada um dos monoteísmos:
Premonição - Dalí

  • JudaísmoAbraão que vivia em Ur (importante metrópole da Mesopotâmia) abandonou a cidade (segundo o livro dos Jubileus - considerado um manuscrito apócrifo - Abraão terá na sua juventude adorado ídolos e vários Deuses até que aos 14 anos se tornou definitivamente monoteísta) a mando de Deus e estabelecendo-se, com os seus pertences, família e serviçais, na terra de Canaã – a terra prometida. Criando assim um novo modo de viver a religião, uma nova cultura e “povo”.
  • CristianismoJesus (que era Judeu), segundo os relatos do Novo Testamento, rompe com algumas das tradições e práticas judaicas. Introduz o conceito de perdão e a universalização do monoteísmo de origem judaica, tornando possível, independentemente da etnia ou ascendência familiar, a qualquer pessoa seguir os seus ensinamentos de inspiração judaica mas que pelas novas abordagem e valores originariam uma nova religião. O facto de Jesus se ter intitulado ou de o terem intitulado de ‘Messias’, aquele que as tradições judaicas profetizavam como o último profeta e salvador, e de tal nunca ter sido aceite pela autoridades Judaicas também contribuiu para a divisão religiosa.
  • Islamismo - Maomé rompeu com as tradições politeístas árabes tradicionais que se centravam na cidade de Meca. Para além de renegar o politeísmo optou também por não alinhar pelo cristianismo, considerando-o pervertido e um desvio perante a verdadeira vontade de Deus e até dos ensinamentos originais de Jesus – considerado pelos islamitas um importante profeta mas não como sendo filho de Deus ou o derradeiro profeta.
Apesar do ‘Protestantismo’ ser um dos vários Cristianismo, esse movimento de inicio foi intitulado de “Reforma”, sendo que os seus líderes do movimento a principio não pretendiam a separação da Igreja Católica Romana mas simplesmente reformar aquilo que nela condenavam. Só mais tarde o termo protestantismo foi adoptado. Este é apenas mais um exemplo de um movimento que até se chamava de “reforma” mas que acabou por ser de separação.
Tal como nos exemplos anteriores o que hoje é tradição e sagrado para algumas das mais importantes religiões resultou uma inovação do passado, muitas vezes novidades revolucionárias para a época. Será condição normal das religiões romperem com os preceitos daquelas [religiões] que lhes antecedem e criarem a sua própria ordem e costumes – que se convertem em tradição e cultura – para delas, no futuro, resultarem movimentos de ruptura revolucionários que as diminuem, enfraquecem e até criam novos paradigmas religiosos e culturais?

5 comentários:

  1. No último parágrafo do texto eu notei uma excelente critica à Igreja. Isto vai em conta com o facto da Igreja ter de se modernizar em certas questões e não ficar parado no tempo! Afinal foi ao romper com tradições é que a religião foi evoluindo até aos nossos dias...

    Gostei de ler :)

    Espero futuros textos acerca da história do Protestantismo, por exemplo. Mera curiosidade...Gosto sempre de ler os teus pontos de vista bem fundamentados e estudados...Aprendo sempre alguma coisa.

    Um abraço :)

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  2. Não diria que o Cristianismo é um movimento dissidente do Judaísmo, por vários motivos, mas aqui gostaria de lembrar que o Cristianismo enquanto movimento organizado é muito tardio em relação a Cristo em si. Existiram no Judaísmo várias reformas internas, sobretudo em assuntos mais tangentes e menos estruturais. Consideo que enquanto Hebreu e parte do movimento judaico, Cristo procurou uma reforma sem desagregação o que, por motivos políticos proveniente do modelo teocrático estático vigente não foram acatados. Sou da opinião que sendo a génese do Cristianismo uma estratégia política do Imperador Romano, de "cristã" sempre teve muito pouco, tanto teológica como estrutralmente!
    Já o Islamismo é para mim um caso de "empreendorismo político-social" aplicado à religião. Um movimento genial que por vários motivos histórias teve sucesso e perdura (ao contrário de tantos outros que fracassaram).
    Falar de dissidente é para mim falar de Anglicanos, Protestantes, etc não exatamente nestes casos. Mas é a minha perspectiva. Podemos aprofundar!

    Edgar

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  3. Sim, com razão, estes movimentos não foram assim tão sequenciais e imediatos como aqui os apresentei.

    Todas estas rupturas, mesmo que não fossem de cisão ou isso não fosse a ideia dos iniciadores de tais movimentos, por questões politicas e de perpetuação de poderes instituídos e vontades de implementar novos foi impossível fazer verdadeiras reformas. Quase sempre a religião esteve ligada ao poder sobre os Homens e à organização das sociedades Humanas.

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  4. Consta no Novo Testamento que o lendário judeu de nome Jesus,aos 12 anos de idade causou espanto aos Rabinos no Templo,mas depois não mais se fala dêsse tal Jesus que só aparece aos 30 ou 33 anos de idade a prègar uma religião que era considerada herética pelos Rabinos,o que motivou a sua condenação à morte.Mas segundo fui informado por um goês que por até foi prêso da Pide,na Índia existe uma Seita religiosa que afirma que o judeu lendário Jesus esteve lá.E talvez esteja aqui a explicação da sua ausência durante anos e talvez êle tivesse «bebido» na Índia outras noções religiosas e tivesse aprendido artes de magia,de ilusionismo,de hipnotismo,de malabarismo e no seu regresso à Palestina,prègando outra religião e com suas artes mágicas a que o Povo chamava milagres,encantava o Povo que via nêle um enviado de Deus.

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  5. Sempre interessantes e enriquecedores os seus comentários caro José Gonçalves Cravinho. De facto já fui ouvindo também muitas teorias sobre esse período obscuro da suposta vida de Jesus. Dificilmente se saberá o que aconteceu, até porque seria altamente problemático mudar certos dogmas. De qualquer dos modos a história que conta é bem curiosa, e bem que Jesus poderia ter viajado, pois, ao contrário do que se pensa, essas distantes zonas eram possíveis de serem percorridas e frequentadas por pessoas de ambos os lados do mundo.

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