segunda-feira, 1 de junho de 2015

As condições de vida eram piores na Revolução Industrial que na Idade Média?


A propósito de uma pequena investigação sobre a evolução e história da arqueologia urbana no centro histórico de Leiria para o século XXI, deparei-me com alguns estudos curiosos. A propósito das escavações realizadas na Praça Rodrigues Lobo para instalação de rede de saneamento descobriu-se  e escavou-se uma necrópole medieval.

A Construção de Veneza, Sycambria, Cartago e Roma - Crónica de Bouquechardière de Jean de Courcy
Através desse primeiro estudo arqueológico desenvolveram-se várias outras investigações que permitiram perceber como seria a vida socioeconómica da Leiria medieval. Uma das conclusões mais surpreendentes, e que acrescentam conhecimento de interesse geral, foi a constatação que as pessoas que viviam nessa época eram mais altas que os habitantes de Lisboa do início do século XX. Apesar das difíceis condições de vida, da violência direta e indireta, das pestes e guerras, as pessoas que viveram na época medieval seriam, em média mais altas. De notar que a altura média é um indicador de saúde e qualidade de vida.

Então a idade média não seria um período tão negro com alguns nos querem fazer crer? Talvez não. Esta série de dados é corroborada por outros dados correspondentes a outras necrópoles e cemitérios da mesma época noutros locais. A explicação será do efeito  era industrial, que contribuiu para a diminuição das condições de vida, especialmente entre os operários que viviam em meio urbano e suburbano, sujeitos a difíceis condições de trabalho e com poucas condições higiénicas, sanitárias e alimentares. No caso português, segundo Susana Garcia, a causa não será tanto a industrialização, pois era incipiente no nosso país, mas mais como resultado das instabilidades políticas anteriores.

Aqui se demonstra como uma escavação arqueológica proveniente da necessidade contemporânea de melhorar as infra-estruturas urbanas pode gerar avanço no conhecimento científico de interesse geral.
 
Referências bibliográficas.
ERA, Arqueologia, Lda. - Relatório das Escavações arqueológicas na praça Rodrigues Lobo. Leiria: 2002?

GARCIA, Maria Susana de Jesus - Maleitas do corpo em tempos medievais - indicadores paleodemograficos, de stresse e paleopatológico numa série osteológica urbana de leiria. Coimbra: Departamento de arqueologia da universidade de coimbra, 2007. Tese de doutoramento em antropologia biológica.

GARCIA, S. – “Is the Circumference at the Nutrient Foramen of the Tibia of Value to Sex Determination on Human Osteological Collections? Testing a New Method”. International Journal of Osteoarchaeology - Institute J. Osteoarchaeol. Wiley Online Library, 2010.

GASPAR, Sara Joana Pereira - Determinação do sexo em não-adultos: aplicação de um método métrico para o estudo do dimorfismo sexual na colecção osteológica não-identificada de São Martinho (Leria).Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Universidade Técnica de Lisboa, 2013. Seminário Final da Licenciatura em Antropologia.


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