domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril: uma revolução mais militar que política

No dia em que se celebra o 25 de Abril, o acontecimento que tornou possível a Portugal integrar o grupo de países democráticos, pondo assim fim a uma ditadura totalitarista e fascista de mais de 40 anos, há que tentar analisar a natureza do acontecimento e a revolução em causa, sem tentar entrar em lugares comuns e redundâncias - o que não é fácil.
Há quem afirme que neste dia se fez uma revolução com fins puramente políticos. Esta ideia pode não ser completamente verdadeira, pois sabe-se que a revolução foi, acima de tudo e sem margem para qualquer dúvida, uma revolução militar. Sabe-se que foi uma revolta encetada e comandada por oficiais do exército (capitães), isto porque discordavam das políticas militares que o governo de então tomava. Sendo uma dos principais motivos de discórdia o modo como se ascendia  às patentes intermédias e superiores de oficiais nas forças armadas.
Independentemente disso, estes corajosos homens, os chamados “Capitães de Abril”, levaram a cabo uma revolução e mudança de governo em 1974, algo que uma grande parte da população já desejava. A nossa gratidão para com eles deve ser grande e sincera. No entanto foram as conturbações “pós 25 de Abril”, os tumultos, a instabilidade política, a luta pelos ideias democráticos e da liberdade que permitiram verdadeiramente a implementação da democracia em Portugal.
Cravo, lírio, lírio e rosa - John Singer Sargent
Em suma, o 25 de Abril foi uma revolução militar, mas que trouxe consequências políticas e que obrigaram o País a dar o salto em frente rumo à democracia.
O melhor modo de celebrar este marcante acontecimento, e a democracia que dele brotou ,é com acção no dia-a-dia e não só festejando um feriado nacional com saudosismo.

O bem precioso que é a democracia, metaforicamente falando, pode ser visto como um jardim sempre a necessitar de cuidados constantes, de jardineiros apetrechados das ferramentas do espírito cívico e da liberdade. Assim se deve festejar a democracia, que, afinal de contas, até se quer e deve ser participativa.
Viva o 25 de Abril e as oportunidades que dele resultaram!

9 comentários:

  1. Estamos quase lá... no 25 de Abril e parece que neste cantinho à beira mar plantado, o jardineiro não foi contratado. Metafóricamente falando, claro. È que a Democracia parece que foi dar uma volta por outras bandas e que a nossa "Revolução" foi feita por encomenda, por interesses estrangeiros. Situação geo-estratégica como o centro do mundo ocidental.
    Aqui ficou implantada uma oligarquia:
    "Uma das características desta forma de governo é que os interesses políticos e económicos do grupo que está no poder prevalecem sobre os da maioria." Será que estou errada? Não, quase de certeza que não, infelizmente para mim foi apenas uma "Revolução" política e forjada.

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  2. Bom dia Micael.
    Disse algo que não devia, alguma mentira ou vocábulos menos próprios, para que o meu comentário fosse moderado?

    oficinadobosque@gmail.com

    Obrigada

    Helena

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  3. Que eu saiba não Helena. Ficou algum por publicar? Vou averiguar. Somente os comentários que sejam ofensivos ou contenham publicidades desadequadas sofrem moderação.
    Os seus foram sempre correctos e enriquecedores! A Helena está entre as melhores comentadoras e fomentadoras de discussão positiva no blogue. Por isso só posso agradecer.

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  4. Sobre o primeiro comentário. Mesmo parecendo que a revolução nada mudou convido a ver o documentário de António Barreto: Portugal um retrato social. A mudança e evolução foram muitas e hoje temos liberdade para criar e discordar, até podemos ter os nossos blogues e escrever ao nosso bel-prazer - sim, este blogue para mim é um enorme prazer;)

    Notei que o sei comentário foi para moderação sem me aparecer no e-mail. Por vezes vou vendo se escapa algum, este foi infelizmente um deles. As minhas desculpas

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  5. Micael, não tem de pedir desculpa, acontece... eu é que fiquei um pouco apreensiva.
    Eu era pequenita no tempo da ditadura, mas houve certas coisas que me tocaram. Uma delas foi ver a minha mãe, queimar uma pilha com dezenas de livros, ditos proibidos, mas que na altura eu nunca poderia compreender porquê. Sei que chorei, eram demasiados para se fazer um crime daqueles... algo amedrontou a minha mãe para que o fizesse.
    Por isso eu sei que as mudanças foram muitas. Apenas concordo consigo, quando diz que estamos melhor. Não estamos é como se pretenderia numa verdadeira Democracia, apenas porque vivemos numa oligarquia mundial, onde os mais pequenos são alvo de caça das super potências económicas. A vinda do FMI e as afirmações das empresas de rating e de notação, não fazem mais do que espalhar o medo, porque o elo é fraco, a Europa do Sul, os Países periféricos. Não é mínimamente Democrático espalhar pelos meios de comunicação social, que Portugal não saírá da recessão nos próximos anos! isto dito por um prof. de sociologia da Universidade de Coimbra. Há muitos anos que eu digo que esta crise viria a acontecer, exactamente para esmagar a Democracia. Aldous Huxley foi um visionário, a escravatura por "hipnose" resultou em cheio. Esperemos não ter de dar razão a George Orwell no seu livro 1984, mas já nada me surpreende... desde que a ganância de alguns veio sobrepor-se aos ideais da Liberdade individual e aos Direitos Humanos. Bem dizia Churchill que nunca tantos foram governados por tão poucos... um perigo, como se vê.
    Em relação à Democracia portuguesa própriamente dita, não passou de uma fase de transição para que os oligarcas pudessem dominar. Deixo aqui um link bastante esclarecedor e ao mesmo tempo chocante e controverso, mas que acredito ser a verdade. Sabe que existe em Portugal um Index ou lista negra para jornalistas, extensível a toda a UE, cujo criador foi o President of a European Publisher Council, o Sr. Pinto Balsemão? Até que ponto teremos liberdade de expressão quando centenas de jornalistas, inclusive de investigação, estão no desemprego? Pessoas que colocavam o poder das ideias, acima das ideias de poder. Agora temos novatos em trabalho precário,sem cursos de R.I., História, etc. mas sim do dito jornalismo, de conteúdo quase ôco e no trabalho precário, salvo excepções que estão ao serviço dos seus patrões e que recebem 30.000 ou mais euros, mansalmente, talvez como "capatazes" na hierarquia interna...

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  6. continuação:
    Que poderemos saber da realidade dos factos, se a informação não é transparente?! Aqui "mata-se" o mensageiro e entretêm-se as hostes, como em qualquer fim de civilização ou paradigma, algo que me entristece muito. Não se esqueça Micael que o nosso pensamento, não diria o seu, muito menos o meu, mas o da maioria, está condicionado e direccionado para o que eles governos, ás ordens dos capitalistas querem condicionar. Criamos segundo o que nos limitam, ou dentro de certos limites e a liberdade de expressão fica muito aquém do que seria desejável numa Democracia verdadeira. Até nos blogues há já censura. Por exemplo no Jugular, de vários comentários que fiz, não passou um único! Nunca deixei de ser educada e respeitadora... o problema são as minhas ideias e essas não passaram.
    Se viu a trilogia Matrix, aí tem uma metáfora do mundo real. Simplesmente recusei o comprimido azul (da hipnose) e tomei o vermelho.
    Está tudo agora a começar a acordar, devido à crise, mas demasiado tarde, muuuito tarde. Perante tanto dinheiro acumulado, tanta tecnologia e armamento nas mãos de tão poucos, a Democracia está em risco de extinção e a dar o seu último suspiro. Como alguém disse, a Democracia não passa de um estado de transição para uma ditadura. Portanto queimemos os últimos cartuchos que o tempo esgotou-se. Precisávamos realmente de jardineiros atentos para destrinçar as ervas daninhas, mas estes não entendem nada de jardinagem e muito menos do perigo que se podem tornar as ervas daninhas quando não controladas de início.
    Quanto aos capitães de Abril, o meu grande obrigada. Foram Heróis.
    Peço desculpa pelo tamanho do meu comentário e aqui vai um blogue, de um jornalista de investigação, mas proibido de a fazer... é o tal link: O Fim Da Democracia
    Já não me deslumbro... Micael. Muito mais haveria para dizer... mas já estendi o bastante! :)

    Ainda bem que gosta do seu blogue, pois como lhe disse, é um desafio e um must em informação.

    Onde posso arranjar esse documentário de Barreto?
    Abraço.

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  7. Dos exemplos que cita não tenho qualquer conhecimento, por isso nem vou comentar.

    Curiosamente era para acrescentar que apesar de tudo ter melhorado, essa evolução ainda ficou aquém do desejado. Mas o caminho faz-se caminhado e espero que os portugueses, enquanto cidadãos, possam concretizar verdadeiramente esta a democracia.

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  8. Vai custar muito. Os Media trabalham afadigadamente para desmoralizar, a mais perigosa arma do mundo.
    Eu também acredito, mas vai ser muito difícil... dou sempre o benefício da dúvida, tendo sempre a ser optimista, mas tenho um grande defeito, tenho de ver o lado obscuro das coisas... tenho de saber porque acontecem. Depois é claro que perco o deslumbramento.
    Veja estes comentários apenas como um deabafo.

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  9. um Jornalista no index:
    http://altohama.blogspot.com/


    Mais um jornalista no Index:
    http://blogda-se.blogspot.com/

    http://blogda-se.blogspot.com/2009/03/quem-manda-nao-e-erc.html
    Escrita em Dia, nas etiquetas de jornalismo, e telecinco diz muito.
    Quando fui pesquisar o Index, o link que dava acesso ao index foi retirado do blogue...

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